quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

De que serve a poesia, se te parti?

De que serve a poesia, se te parti?


Vejo toda a noite como se dia fosse
Desfloro as pétalas da vida, uma a uma
Encarno pelo ventre acima e corro
Atrás de um vento perdido
Parti-me de ti e desejei que fugisses

Agora busco pelo razão tanto faz
Parti, é o que interessa
Não vale o medo ou secretárias
Enferrujadas com teclas que já não servem
Para escreveres poesia mentida
Podes ir
Encarna pelos ventres acima de outros
Ventres empobrecidos e apodrecidos
Esvai-te agora em lágrimas de sangue
E sem sofrimento, que essa é a natureza
Em que foste criada.
Foge. De ti. Porque ninguem te deseja
Senão para te esventrar
E tu, não pouco genuinamente
Finges não entender

De que serve a poesia, se te parti?


Saint Jacques

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Esperança da Rua


Esperança na Rua

Aqui, quase junto ao Céu
Começa a Rua da Esperança
onde tudo começa e tudo acaba

Vê-se o rio e as ramadas de árvores
Já desamadas pela Primavera
Onde ficam ninhos sedentos de pássaros
Que deixaram de amar
As suas amadas e partiram

Ficaram os ninhos vazios e as suas amadas
Em lágrimas que enchem os rios

Ninhos vazios e lá em baixo
Ficam as moscas e vespas da Rua da Esperança
Onde passam espécie de pessoas
Que vistas de cima parecem bolas

Ou nada, tudo começa e acaba
Como o rio que banha a rua da esperança
Ao largo da rua, aqui junto ao céu

Onde tudo começa e acaba
Aqui, na Rua da Esperança
Junto ao Céu, vejo o rio
E aqui, é só meu. Mesmo com ninhos vazios
E aves partidas e em penas

Aqui a rua é minha e a esperança
É a que chega do céu.

Sain Jacques
11_01_2012