sábado, 4 de janeiro de 2014

Serra Fria


Serra Fria

 

A ribeira que desce da montanha,

Lava as angústias trazidas da cidade para as Serras

Deixai cair então, pedras e nuvens que se casam e entrelaçam

E descem juntas numa tempestade de elementos.

Aqui, no sítio onde o elemento que sou,

Me transforma no que não sou,

Perco-me para me encontrar.

 

Escrever é a arte que não se tem,

Que se perde quando se encontra

E se ganha quando se perde.

 

Não sou daqui, nem sou daí.

Não sou de lugar nenhum.

 

Onde me encontro

É onde a minha alma se liberta, sempre que escreve.

 

 

Unhais Daqui


Unhais Daqui

 

Daqui poderei partir para o Céu.

Viverei poeta.

Eternamente.

Entre brumas e copas perdidas de pinheiros bravos

De tão serranos

Penhascos agrestes como a minh'Alma

Que se devassa a cada saída de tempestade.

Há-de chegar a primavera.

E quem sabe, as negras andorinhas,

Voarão, para sempre,

Com o que restar de mim