Meu amo,
Faltava.
Faltava o sabor do tempo
Faltava o sabor do vento.
Faltava eu.
Faltavas tu.
Faltávamos nós.
Regresso, do tempo que me afasta,
Por necessidade, agora,
O querer descobrir se este amor
É aquele por que buscas
Ou se aquele por que te perdes,
Entre rochas e pedregulhos
Que se desmoronam
Sobre ti, sobre mim
Às vezes, sobre os dois.
Não sei por que me queres
Não sei por quanto tempo
Me perdes
Sei que vagueio, entre a solidão
De um esconderijo, infeliz, de uma sociedade
Perdida, de mim,
Encontrada por ti.
Sei que vagueio, entre gente. Entre pessoas.
De uma multidão gritante, a fingir-se desinfeliz,
De desconsistência. Encontrada.
Em nós.
Fugida de todos. Por ti.
Saint Jacques, 7 de Março de 2008
Daqui, desta Lisboa compassiva, Nápoles por Suíços habitada,onde a tristeza vil, e apagada, se disfarça de gente mais activa; Daqui, deste pregão de voz antiga, deste traquejo feroz de motoreta ou do outro de gente mais selecta que roda a quatro a nalga e a barriga; Daqui, deste azulejo incandescente, da soleira da vida e piaçaba,da sacada suspensa no poente,do ramudo tristôlho que se apaga(...)(O'Neill) Mas levem para o Céu que é só Meu! (Saint Jacques)
terça-feira, 15 de março de 2011
Mal dito bem dito seja
Mal dito bem dito seja
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
os acentos e os desacentos
as palavras e as nao palavras
o tempo e o infinito
a humildade e a arrogancia
as frutas e as flores que invadem
as Primaveras e os Veroes
os invernos e os outonos
e todas as estacoes de todas as nacoes
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
quem atirou uma jaca verde para outra parte deste mundo
Uma jaca bem, esverdeada, e ensanguentada
Um jaca e apenas coberta de uma manta de trapos
Que corre dos rapazes à procura da espada,
e que se defende das raparigas,
que correm atras dela para roubar a manta de trapos
que nao tem valor nenhum, para elas
por isso a querem tirar, porque tem muitopara ela
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Que me criou a mim e me fez um fruto, envenenado
e atras de quem ninguem quer correr.
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
que deixaram de ser sentidas, e sao sempre
esquecidas
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Maldito a quem me criou a mim.
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Saint Jacques
March 2008, London
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
os acentos e os desacentos
as palavras e as nao palavras
o tempo e o infinito
a humildade e a arrogancia
as frutas e as flores que invadem
as Primaveras e os Veroes
os invernos e os outonos
e todas as estacoes de todas as nacoes
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
quem atirou uma jaca verde para outra parte deste mundo
Uma jaca bem, esverdeada, e ensanguentada
Um jaca e apenas coberta de uma manta de trapos
Que corre dos rapazes à procura da espada,
e que se defende das raparigas,
que correm atras dela para roubar a manta de trapos
que nao tem valor nenhum, para elas
por isso a querem tirar, porque tem muitopara ela
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Que me criou a mim e me fez um fruto, envenenado
e atras de quem ninguem quer correr.
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
que deixaram de ser sentidas, e sao sempre
esquecidas
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Maldito a quem me criou a mim.
Mal dito bem dito seja
Tanto faz, o que importa e saber quem criou o Mundo
E as coisas visiveis e invisiveis
Saint Jacques
March 2008, London
Meu fruto proibido,
Meu fruto proibido,
se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...
Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida
for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada
voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento
porque me não deixo segurar
caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder
Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz
doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente
agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita
mas é a que te posso dar.
Beijo entre a Mão e o Corpo
Eu sei que o primeiro beijo se dá ai.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
Foi um corpo entregue, que te foi entregue
Não por mim.
Pela criação e Mão de Deus.
Por isso, recebe e agradece.
Não, não te vou…
Não te Vou te roubar um beijo
E mesmo que não seja por bem
Não resisto a esse sorriso de alento
Com a cor dessa boca pintada
De cor natural
Vem sorrindo e sorrindo, misturado para mim
Com essa boca me envenenas
Com esses olhos que me olhas e me condenas
E eu fico perdida e assim
Perco o corpo que esvoaça para ti
E não quero que partas
De mim
Acabei de chegar
E chegar dentro de ti, na alma,
Que me fazes sentir de verdade
Porque sem quereres o meu beijo
Vais não mais ter, porque é dele
Que podes vir, e não voltar
A sofrer
Canta me os teus segredos,
Na minha boca e não pares
Porque é isso – apenas – que te me quero
Ouvir, sentes?
Saint Jacques, 28 de Janeiro de 2008
Poesia de Graças à vida
Acordei hoje a beijar o ar
Com vontade de embalar,
Abraçar e voltar a voar
Une-me ao tempo, o alento
Que não é mais que uma pedra
Que atiramos ao fundo do lago
Por querermos não perder
Paradoxo, não querer perder
O que se não tem
É o mesmo que ter
O mal que a vida não tem
Caçar laivos infelizes
Na felicidade que me vai aparecendo
Beijo o tempo, teu e meu,
Na graça de dar poesia à vida
Darei ao tempo, e a ti
Tudo que puder
Volta sempre para mim,
Sempre e apenas amanhã
Hoje já morreu, o sonho
E eu.
Porque estava vazio o espaço
Em que te sonhei
E onde te querendo ter
Te desejo perder
Darei poesia, ao tempo
Darei poesia, ao vento
Darei poesia, à água
Darei poesia, à terra
Darei poesia, ao fogo…
Aqui me ardo e entrego
Em negrume de corpo
E chamas monstruosas no coração.
Volta para mim. Devolve-me a poesia
Que me roubaste
Eu quero dar, hoje, graças à vida.
Saint Jacques
Não sou de terra de maçãs
Não sou de terra de maçãs
mas de terra de Jacas, mangas, fruta-pão.
A primeira, é a minha fruta favorita. Rara. Nasce de árvores tão gigantemente altas, que seria uma aventura um homem não africano lá chegar.
Eu sou uma jaca. Que nasce de uma gigante copa. Mãos humanas dificilmente lá chegam.
quando arrancada com tenacidade a casca grossa e aspera que esta por fora, descobre-se um fruto em gomos, amarelos suaves, em forma de saquinho lacrimal.
com cheiro a rosas. quando começa a mastigar, não lhe apetece parar.
é uma fruta metafísica.
é uma fruta difícil.
é uma fruta que se ama.
é uma fruta que não se esquece.
e se deseja sempre, por tão dificil que é conseguir ter.
Um beijo (com cheiro de Jaca).
Meu fruto proibido
se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...
Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida
for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada
voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento
porque me não deixo segurar
caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder
Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz
doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente
agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita
mas é a que te posso dar.
Alma sem voz
Pare-me então, se o cansar
Pare-me, dê-me a mão
Faça-me calar o silêncio gritante
De uma voz calada
De uma goela que clama
Desesperadamente
Para que lhe encham a alma
Clama, clama e agarra-me
Com verdade a mão
Que deixou de ser minha,
Agarra-a e por momento
Impar, olha para a cinza
De um Céu que quis
Para nós azul
Tenta deitar-lhe a voz
E dá-lhe algum sal da minh’alma
Segura-o logo
A seguir, se for de coragem
A alma que já deixou de ser
Tua.
Saint Jacques
Janeiro de 2008
se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...
Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida
for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada
voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento
porque me não deixo segurar
caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder
Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz
doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente
agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita
mas é a que te posso dar.
Beijo entre a Mão e o Corpo
Eu sei que o primeiro beijo se dá ai.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
Foi um corpo entregue, que te foi entregue
Não por mim.
Pela criação e Mão de Deus.
Por isso, recebe e agradece.
Não, não te vou…
Não te Vou te roubar um beijo
E mesmo que não seja por bem
Não resisto a esse sorriso de alento
Com a cor dessa boca pintada
De cor natural
Vem sorrindo e sorrindo, misturado para mim
Com essa boca me envenenas
Com esses olhos que me olhas e me condenas
E eu fico perdida e assim
Perco o corpo que esvoaça para ti
E não quero que partas
De mim
Acabei de chegar
E chegar dentro de ti, na alma,
Que me fazes sentir de verdade
Porque sem quereres o meu beijo
Vais não mais ter, porque é dele
Que podes vir, e não voltar
A sofrer
Canta me os teus segredos,
Na minha boca e não pares
Porque é isso – apenas – que te me quero
Ouvir, sentes?
Saint Jacques, 28 de Janeiro de 2008
Poesia de Graças à vida
Acordei hoje a beijar o ar
Com vontade de embalar,
Abraçar e voltar a voar
Une-me ao tempo, o alento
Que não é mais que uma pedra
Que atiramos ao fundo do lago
Por querermos não perder
Paradoxo, não querer perder
O que se não tem
É o mesmo que ter
O mal que a vida não tem
Caçar laivos infelizes
Na felicidade que me vai aparecendo
Beijo o tempo, teu e meu,
Na graça de dar poesia à vida
Darei ao tempo, e a ti
Tudo que puder
Volta sempre para mim,
Sempre e apenas amanhã
Hoje já morreu, o sonho
E eu.
Porque estava vazio o espaço
Em que te sonhei
E onde te querendo ter
Te desejo perder
Darei poesia, ao tempo
Darei poesia, ao vento
Darei poesia, à água
Darei poesia, à terra
Darei poesia, ao fogo…
Aqui me ardo e entrego
Em negrume de corpo
E chamas monstruosas no coração.
Volta para mim. Devolve-me a poesia
Que me roubaste
Eu quero dar, hoje, graças à vida.
Saint Jacques
Não sou de terra de maçãs
Não sou de terra de maçãs
mas de terra de Jacas, mangas, fruta-pão.
A primeira, é a minha fruta favorita. Rara. Nasce de árvores tão gigantemente altas, que seria uma aventura um homem não africano lá chegar.
Eu sou uma jaca. Que nasce de uma gigante copa. Mãos humanas dificilmente lá chegam.
quando arrancada com tenacidade a casca grossa e aspera que esta por fora, descobre-se um fruto em gomos, amarelos suaves, em forma de saquinho lacrimal.
com cheiro a rosas. quando começa a mastigar, não lhe apetece parar.
é uma fruta metafísica.
é uma fruta difícil.
é uma fruta que se ama.
é uma fruta que não se esquece.
e se deseja sempre, por tão dificil que é conseguir ter.
Um beijo (com cheiro de Jaca).
Meu fruto proibido
se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...
Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida
for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada
voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento
porque me não deixo segurar
caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder
Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz
doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente
agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita
mas é a que te posso dar.
Alma sem voz
Pare-me então, se o cansar
Pare-me, dê-me a mão
Faça-me calar o silêncio gritante
De uma voz calada
De uma goela que clama
Desesperadamente
Para que lhe encham a alma
Clama, clama e agarra-me
Com verdade a mão
Que deixou de ser minha,
Agarra-a e por momento
Impar, olha para a cinza
De um Céu que quis
Para nós azul
Tenta deitar-lhe a voz
E dá-lhe algum sal da minh’alma
Segura-o logo
A seguir, se for de coragem
A alma que já deixou de ser
Tua.
Saint Jacques
Janeiro de 2008
Gritante pedra
Gritante pedra
Voam todas as palavras
De dor, gritante como a pedra
Que jaze no meu juízo
Aperta e impede
O meu discernimento morreu
Morreu ela, morreste tu
Morremos nós.
Triangulamos
Novamente, à procura
De palavras que nos unam
Com um pólo
Que atrai outro pólo
E seremos bi-polares?
Talvez, serei eu mesma
Jazo aqui, de pedra
Em forma encarnada
Jazo aqui, sem vontade
De te sentir, jamais!
Jazo, para aqui
E ali, pelo amanhã que tarde
E tarda em chegar.
Não sei que fazer, nem sei o que escrever
Perdi-me. Já não conheço as letras
De um alfabeto e de um tecto
Somos homens, pretas
Pétalas ensanguentadas.
Por ti.
Saint Jacques
Maio de 2008
Voam todas as palavras
De dor, gritante como a pedra
Que jaze no meu juízo
Aperta e impede
O meu discernimento morreu
Morreu ela, morreste tu
Morremos nós.
Triangulamos
Novamente, à procura
De palavras que nos unam
Com um pólo
Que atrai outro pólo
E seremos bi-polares?
Talvez, serei eu mesma
Jazo aqui, de pedra
Em forma encarnada
Jazo aqui, sem vontade
De te sentir, jamais!
Jazo, para aqui
E ali, pelo amanhã que tarde
E tarda em chegar.
Não sei que fazer, nem sei o que escrever
Perdi-me. Já não conheço as letras
De um alfabeto e de um tecto
Somos homens, pretas
Pétalas ensanguentadas.
Por ti.
Saint Jacques
Maio de 2008
Flor
Flor
Desmesurado este poema.
Tudo que é destruído como foi a flor,
Não deixa memória em alento.
Morre.
Sem tempo.
Amar assim, não é amar
Amar assim é cobiçar pelo que se tem
E pelo que se anseia deter, possuindo
Amar assim, não é amar.
É trair. Sempre olhando para o lado
Desejando tudo o que se nos rodeia
Acabando por perder tudo.
Até mesmo aquilo que se julgava ter.
Como a flor…
Saint Jacques.
01082008
Desmesurado este poema.
Tudo que é destruído como foi a flor,
Não deixa memória em alento.
Morre.
Sem tempo.
Amar assim, não é amar
Amar assim é cobiçar pelo que se tem
E pelo que se anseia deter, possuindo
Amar assim, não é amar.
É trair. Sempre olhando para o lado
Desejando tudo o que se nos rodeia
Acabando por perder tudo.
Até mesmo aquilo que se julgava ter.
Como a flor…
Saint Jacques.
01082008
Fevereiro Seco
Fevereiro Seco
Sempre que o vento soprar e te arrependeres das palavras
Que pensam uns, voam, pensam outros, como eu
Ficam e insistem
Sempre que o vento te trouxer as amarguras
E te vingares por inveja descabida
De ódio que pensas não sentir, mas sentes
De vingança que dizes não fazer, mas fazes
Sempre que o vento te soprar com as agruras
Da vida que quiseste para ti, sem mim, e sobre ela
Nada tenho a dizer os desdizer, tanto faz
De raiva que pensas não sentir, mas sentes
E brutalidade que pensavas não sentir
Mas não só sentes como mostras
Estarei ainda aqui. Com silencio a ver-te.
E a perguntar como seria se sentisse eu o que tantas vezes senti.
Acabei hoje na rua da vida.
Eu e mais três. E mais quatro talvez. Na rua dos mortos
Mortos somos e seremos sempre que não quisermos
Contrariar caprichos vergonhosos
Que pensamos aceitar e nas entranhas escondemos
É a vida. E como ela pode parecer um paradoxo
Diz o poeta da porta que eu não sou
Que o sangue há-de sempre correr, como o rio
De baixo para cima ou de cima para baixo
Sempre que os autores sangrarem, depende
Sempre que as vontades o sentirem
O que interessa agora esse?
Saint Jacques, Fevereiro de 2010
Sempre que o vento soprar e te arrependeres das palavras
Que pensam uns, voam, pensam outros, como eu
Ficam e insistem
Sempre que o vento te trouxer as amarguras
E te vingares por inveja descabida
De ódio que pensas não sentir, mas sentes
De vingança que dizes não fazer, mas fazes
Sempre que o vento te soprar com as agruras
Da vida que quiseste para ti, sem mim, e sobre ela
Nada tenho a dizer os desdizer, tanto faz
De raiva que pensas não sentir, mas sentes
E brutalidade que pensavas não sentir
Mas não só sentes como mostras
Estarei ainda aqui. Com silencio a ver-te.
E a perguntar como seria se sentisse eu o que tantas vezes senti.
Acabei hoje na rua da vida.
Eu e mais três. E mais quatro talvez. Na rua dos mortos
Mortos somos e seremos sempre que não quisermos
Contrariar caprichos vergonhosos
Que pensamos aceitar e nas entranhas escondemos
É a vida. E como ela pode parecer um paradoxo
Diz o poeta da porta que eu não sou
Que o sangue há-de sempre correr, como o rio
De baixo para cima ou de cima para baixo
Sempre que os autores sangrarem, depende
Sempre que as vontades o sentirem
O que interessa agora esse?
Saint Jacques, Fevereiro de 2010
Eu própria. Jaca. Peixe. Mar. salgada. Mas eu.
Eu própria. Jaca. Peixe. Mar. salgada. Mas eu.
Aprendi contigo, amada.
Não digas nunca o que sentes. Ama, como eu, e silencia. para saborear
Aprendi com a tua beleza,
a beleza é a alma de uma gente qualquer, do povo, da nobreza, da burguesia, tanto faz. Mas gente. Bela, é certo, só porque te quer e ao mundo que ora te rodeia e rodeará.
com a macia beleza de tuas mãos,
As mãos e os olhos são os nossos espelhos. MA CIAS E AS PERAS. são as minhas. as tuas. e as mãos de todos. que nos espelham quão belos somos e melhores podemos ser.
teus longos dedos de pétalas de prata,
são longos em amor, e perecem, curtos como as pétalas que expulso do meu coração. Apenas para te acariciarem no rosto onde expões o teu sofrimento...
a ternura oceânica do teu olhar,
olho oceanicamente com os meus olhos, que te querem tanto bem, que as palavras seriam sempre mui insuficientes para serem ditas. Por isso, expulsam ternura que mais não é que vontade de ver-te amar a vida e tudo quanto possas desejar.
verde de todas as cores
verde é a alma pura, desposada de bondade e despojada de maldade. Não sei se sou do bem ou do mal, procuro fazer tudo com amor e todo o coração, deitando pétalas de peixe jaca pr'asalmas que buscam cores para uma vida, negra ou branca, tanto me faz, desencontrada.
e sem nenhum horizonte;
horizonte é o que te quero deixar, com tantas palavras. não que me pegues. Não, isso não. deixa-me ir. nunca te faria feliz dessa amargura. a minha luz apenas serve a alma de oceânica alegria, que te quero oferecer. para isso, é preciso que ma queiras receber.
com tua pele fresca e enluarada,
eu sou a lua, mudo de forma. eu sou pele, tenho diefrentes camadas. eu sou fresca, sou fria e gelado como as correntes oceânicas em que vivo. eu sou tu. eu sou eu. eu sou o que quiseres que eu seja, desde que seja eu.
a tua infância permanente,
ponho amor e jovialidade e criancice e ingenuidade em tudo o que queiras que faça. que te faça. serei humilde. que mais não é que a vontade de te me ver sorrir. sempre e nunca. nunca e sempre. que tu queiras e me queiras. a sorrir.
tua sabedoria fabulária
sou a contadoura de histórias e inventadeira de palavras. tristalegrias e aletristezas. invento com a alma e ofereço com coração. largo-te pétalas. cheiros. aromas. amor. bondade. e toda a maldade que queiras receber. às vezes, sem querer, sou humana.
brilhando distraída no teu rosto.
escondo-me na cara que tenho e de que quero fugir. não quero que me gostes por sorrir nem me queiras por chorar. por isso exaro o brilho e espelho o reflexo de uma que não sou, misturada numa que serei ou não. aprende a descobrir.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
apenas te dei humildade. não sei nada, se não que as pedras são pedras, que o mar é mar, que a terra é terra, que o ar é ar e que o fogo é fogo. isso são elementos. e que mais seria necessário saber?
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
sou guardadoura de rebanhos que se escondem debaixo de copas gigantes de jacas. que mais mito existirá na vida para além desta metafísica?
com as espigas douradas no vento,
espiga serei para ti. arranca os picos. sopra-os para as correntes do Bórias e deixa-os ir. brilhando doiradamente. para sempre. lado. caminhando no ar, como dois cavaleiros. o do poder e o do saber.
Eu própria. Jaca. Peixe. Mar. salgada. Mas eu.
Aprendi contigo, amada.
Não digas nunca o que sentes. Ama, como eu, e silencia. para saborear
Aprendi com a tua beleza,
a beleza é a alma de uma gente qualquer, do povo, da nobreza, da burguesia, tanto faz. Mas gente. Bela, é certo, só porque te quer e ao mundo que ora te rodeia e rodeará.
com a macia beleza de tuas mãos,
As mãos e os olhos são os nossos espelhos. MA CIAS E AS PERAS. são as minhas. as tuas. e as mãos de todos. que nos espelham quão belos somos e melhores podemos ser.
teus longos dedos de pétalas de prata,
são longos em amor, e perecem, curtos como as pétalas que expulso do meu coração. Apenas para te acariciarem no rosto onde expões o teu sofrimento...
a ternura oceânica do teu olhar,
olho oceanicamente com os meus olhos, que te querem tanto bem, que as palavras seriam sempre mui insuficientes para serem ditas. Por isso, expulsam ternura que mais não é que vontade de ver-te amar a vida e tudo quanto possas desejar.
verde de todas as cores
verde é a alma pura, desposada de bondade e despojada de maldade. Não sei se sou do bem ou do mal, procuro fazer tudo com amor e todo o coração, deitando pétalas de peixe jaca pr'asalmas que buscam cores para uma vida, negra ou branca, tanto me faz, desencontrada.
e sem nenhum horizonte;
horizonte é o que te quero deixar, com tantas palavras. não que me pegues. Não, isso não. deixa-me ir. nunca te faria feliz dessa amargura. a minha luz apenas serve a alma de oceânica alegria, que te quero oferecer. para isso, é preciso que ma queiras receber.
com tua pele fresca e enluarada,
eu sou a lua, mudo de forma. eu sou pele, tenho diefrentes camadas. eu sou fresca, sou fria e gelado como as correntes oceânicas em que vivo. eu sou tu. eu sou eu. eu sou o que quiseres que eu seja, desde que seja eu.
a tua infância permanente,
ponho amor e jovialidade e criancice e ingenuidade em tudo o que queiras que faça. que te faça. serei humilde. que mais não é que a vontade de te me ver sorrir. sempre e nunca. nunca e sempre. que tu queiras e me queiras. a sorrir.
tua sabedoria fabulária
sou a contadoura de histórias e inventadeira de palavras. tristalegrias e aletristezas. invento com a alma e ofereço com coração. largo-te pétalas. cheiros. aromas. amor. bondade. e toda a maldade que queiras receber. às vezes, sem querer, sou humana.
brilhando distraída no teu rosto.
escondo-me na cara que tenho e de que quero fugir. não quero que me gostes por sorrir nem me queiras por chorar. por isso exaro o brilho e espelho o reflexo de uma que não sou, misturada numa que serei ou não. aprende a descobrir.
Grandes coisas simples aprendi contigo,
apenas te dei humildade. não sei nada, se não que as pedras são pedras, que o mar é mar, que a terra é terra, que o ar é ar e que o fogo é fogo. isso são elementos. e que mais seria necessário saber?
com o teu parentesco com os mitos mais terrestres,
sou guardadoura de rebanhos que se escondem debaixo de copas gigantes de jacas. que mais mito existirá na vida para além desta metafísica?
com as espigas douradas no vento,
espiga serei para ti. arranca os picos. sopra-os para as correntes do Bórias e deixa-os ir. brilhando doiradamente. para sempre. lado. caminhando no ar, como dois cavaleiros. o do poder e o do saber.
Eu própria. Jaca. Peixe. Mar. salgada. Mas eu.
Doença na minha alma
Doença na minha alma
Estou doente. Sinto o corpo a voar
Tenho a alma pesada
E o coração a chorar.
Comando o navio de uma vida
Tão curta que não tem tempo
Vivo e morro
Aqui e agora
Sempre atrás de outro momento.
Doente. Sim estou doente.
Preciso que me vendam
Um trago de estômago
Um trago de cabeça
E nada de coração.
Ajuda-me a encontrar vida
Para alem dessa doença
Que é a morte
E que parte hoje, para voltar
Um dia.
Saint Jacques
Janeiro de 2008
Estou doente. Sinto o corpo a voar
Tenho a alma pesada
E o coração a chorar.
Comando o navio de uma vida
Tão curta que não tem tempo
Vivo e morro
Aqui e agora
Sempre atrás de outro momento.
Doente. Sim estou doente.
Preciso que me vendam
Um trago de estômago
Um trago de cabeça
E nada de coração.
Ajuda-me a encontrar vida
Para alem dessa doença
Que é a morte
E que parte hoje, para voltar
Um dia.
Saint Jacques
Janeiro de 2008
Diário de luz, de noite e dia
Diário de luz, de noite e dia
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Seguiste veredas de rosas e seus espinhos
Seguiste mares navegados com rochas
Seguiste desertos de areias e serpentes
Onde chegaste com a descendência
Aos cumes do Céu?
Aos cumes do Amor e da Solidão?
Ou aos cumes do desamor e companhia?
Seguimos veredas de pétalas, com espinhos
Verdejantes caminhos de silvas
Areias movediças de desertos em floresta negra
De onde venho, entre a Luz
E sem noite. Nessa terra sábia,
Onde a luz termina nascem as estrelas
Num céu negro como o meu coração
Já contei que a vida é feita de peles e coração
O meu é negro
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Daqui desta terra de Monte Brasil ao fundo
Onde o fundo do mar é negro de rocha
Como o meu coração, nasço
Para uma outra vida
Aquela que quero abraçar,
Ao lado de espinhos e pétalas aromatizadas
De amor puro, de crianças que me rodeiam
Sem a selva que ataca
A luz mesmo escura e estrelada negra
Que quero abraçar com a vida
Que é minha
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Saint Jacques
27 de Agosto de 2008
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Seguiste veredas de rosas e seus espinhos
Seguiste mares navegados com rochas
Seguiste desertos de areias e serpentes
Onde chegaste com a descendência
Aos cumes do Céu?
Aos cumes do Amor e da Solidão?
Ou aos cumes do desamor e companhia?
Seguimos veredas de pétalas, com espinhos
Verdejantes caminhos de silvas
Areias movediças de desertos em floresta negra
De onde venho, entre a Luz
E sem noite. Nessa terra sábia,
Onde a luz termina nascem as estrelas
Num céu negro como o meu coração
Já contei que a vida é feita de peles e coração
O meu é negro
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Daqui desta terra de Monte Brasil ao fundo
Onde o fundo do mar é negro de rocha
Como o meu coração, nasço
Para uma outra vida
Aquela que quero abraçar,
Ao lado de espinhos e pétalas aromatizadas
De amor puro, de crianças que me rodeiam
Sem a selva que ataca
A luz mesmo escura e estrelada negra
Que quero abraçar com a vida
Que é minha
Entre a noite e o dia
Com luz e sem ela, por vezes,
Criaste descendência
Criaste aprumos de vida
Saint Jacques
27 de Agosto de 2008
Despedida em almas com asas
Despedida em almas com asas
Partir em dor é partir
Em silêncio, na memória
De quem fica
De quem nos deixa ir
Partir é sinónimo de voltar
Partir é sinónimo de amar
Partir é nada disso
Partir é ter asas e poder voar
Voo todos os dias
Com as almas e lamas que Deus me dá
Como quem se agarra à terra
Ou como quem jamais se vê ou verá.
Aqui fico na reserva de asas.
Sempre pronta para isso…
Voar
Saint Jacques
24 de Agosto de 2008
Partir em dor é partir
Em silêncio, na memória
De quem fica
De quem nos deixa ir
Partir é sinónimo de voltar
Partir é sinónimo de amar
Partir é nada disso
Partir é ter asas e poder voar
Voo todos os dias
Com as almas e lamas que Deus me dá
Como quem se agarra à terra
Ou como quem jamais se vê ou verá.
Aqui fico na reserva de asas.
Sempre pronta para isso…
Voar
Saint Jacques
24 de Agosto de 2008
Derivas entre jacas e Voadores
Derivas entre jacas e Voadores
Viajei ontem de um continente
Sai da Terra e segui para Mar.
Descasquei sementes, perversas, pegajosas
Mas que nos regozijam
E enchem de prazer
na Terra encontrei-te a ti
deste-me raízes, folhas, e quase frutos
Em sonhos que antes foram pesadelos
De outros, restam, nada
Para ti foi tudo, até o sonho
Como me contas de pesadelos?
Porque parti para o Mar?
Porque me abandonaste em Terra
Se eu não tenhas patas nem cola
que me ligue a essa imponente
árvore, onde, nem sempre quiseste chegar?
E agora; estou à deriva, em ondas destruidoras
Preciso que me afogues
Preciso que me salves
Traz-me para Terra, toma conta de mim
Faz-me fruto meu, transformado em Ti
Dá-me o renascer de um momento único
os que voámos juntos
Os demónios que nos possuíram
São aqueles que sempre nos fustigam
Que nos sempre afastam
E onde fica a nossa vontade?
E onde ficam as minhas asas de voador
e as tuas colas de Jaca?
Sê meu, meu amor.
Nada mais te peço
Parte para junto de mim
Traz-me para Terra, mas traz.
Dá-me um trinta e um nove
Em data e verdade
Dá-me a alma que sabemos querer
Ultrapassa os teus pesadelos
Sonha, acredita e cola às tuas raízes
As escamas da minha amargura
De modo a que sejamos uma
alma, à deriva, em felicidade.
Deriva
Saint jacques
7 de Setembro de 2009
Viajei ontem de um continente
Sai da Terra e segui para Mar.
Descasquei sementes, perversas, pegajosas
Mas que nos regozijam
E enchem de prazer
na Terra encontrei-te a ti
deste-me raízes, folhas, e quase frutos
Em sonhos que antes foram pesadelos
De outros, restam, nada
Para ti foi tudo, até o sonho
Como me contas de pesadelos?
Porque parti para o Mar?
Porque me abandonaste em Terra
Se eu não tenhas patas nem cola
que me ligue a essa imponente
árvore, onde, nem sempre quiseste chegar?
E agora; estou à deriva, em ondas destruidoras
Preciso que me afogues
Preciso que me salves
Traz-me para Terra, toma conta de mim
Faz-me fruto meu, transformado em Ti
Dá-me o renascer de um momento único
os que voámos juntos
Os demónios que nos possuíram
São aqueles que sempre nos fustigam
Que nos sempre afastam
E onde fica a nossa vontade?
E onde ficam as minhas asas de voador
e as tuas colas de Jaca?
Sê meu, meu amor.
Nada mais te peço
Parte para junto de mim
Traz-me para Terra, mas traz.
Dá-me um trinta e um nove
Em data e verdade
Dá-me a alma que sabemos querer
Ultrapassa os teus pesadelos
Sonha, acredita e cola às tuas raízes
As escamas da minha amargura
De modo a que sejamos uma
alma, à deriva, em felicidade.
Deriva
Saint jacques
7 de Setembro de 2009
Dei-te asas
Dei-te asas
Este amor em visita, é o espelho em águas, escrito por Helder Herberto, para nós. Sei que o tempo tem asas, tem água, tem amor e ódio, tem-nos a nós.
O tempo não nos teme, nós o tememos, um e outro. E sabemos o que ele nos quer dar: asas e água.
Este poema de Herberto Helder, diz nos destaques o que quero, o que não quero, o medo e a coragem, a amor e a intimidade, a que outros apelidam de sexualidade - tanto faz - seja intimidade, porque estou a falar de mim -, de desejo e afastamento, de ti e de mim, de nós e de outros, de encontros e desencontros, do que tens e não tens, do que tenho e não tenho, do que sou e não sou, do que és e não és... de tudo: de nós, em suma.
Somos uma mistura de tudo. De amor, de paixão (muita temida), de poesia, de agonia. De fuga, finalmente.
Dei-te asas
Dei-te asas
e deitei-lhe o fogo e o sal
Rebentou e Explodiu
Não estavas à espera, nem eu queria de soubesses
que o meu tempo te estava destinado
mesmo comigo a não te querer
Queria amar e dei-te asas
Queria amar o Sal que é meu e do Mar
Queria desamar o Fogo, que eu própria
e a natureza fiel criámos para Nós
para apagar o fogo desnatural que exara
o teu corpo e o de outros homens
Queria amar e dei-te asas
Queria amar as escamas malcheirosas de peixes
dentro o seu mundo impenetrável de profundezas
e águas escuras, onde ninguém
nem tu, conseguem chegar
Queria amar e dei-te asas
E pensei que soubesses alguma coisa
de Bem e Mal e de Sal e Mar
Mas não, sabias de Terra e Fogo
Ardor e Pântanos onde
Resvalas a tua vida incessante
Mente e desequilibrio
de Corpo desencorpado de uma criatura
que te fez parir sem vontade e contra
essa tua natureza
Queria amar e dei-te asas
As asas de pássaro desvairado
com escamas e molhado
que se não deixa apanhar, agarrar ou pescar
Queria amar e dei-te asas
Corre, voa, nada com ele
Não o apanharás nunca, deixa para trás aquele outro corpo
desencontrado de ti
e est'outro que te foge, sempre e sempre
Mas se deixa encontrar
Queria amar e dei-te asas
Vem procurar
Saint Jacques, 20 de Fevereiro de 2008
Este amor em visita, é o espelho em águas, escrito por Helder Herberto, para nós. Sei que o tempo tem asas, tem água, tem amor e ódio, tem-nos a nós.
O tempo não nos teme, nós o tememos, um e outro. E sabemos o que ele nos quer dar: asas e água.
Este poema de Herberto Helder, diz nos destaques o que quero, o que não quero, o medo e a coragem, a amor e a intimidade, a que outros apelidam de sexualidade - tanto faz - seja intimidade, porque estou a falar de mim -, de desejo e afastamento, de ti e de mim, de nós e de outros, de encontros e desencontros, do que tens e não tens, do que tenho e não tenho, do que sou e não sou, do que és e não és... de tudo: de nós, em suma.
Somos uma mistura de tudo. De amor, de paixão (muita temida), de poesia, de agonia. De fuga, finalmente.
Dei-te asas
Dei-te asas
e deitei-lhe o fogo e o sal
Rebentou e Explodiu
Não estavas à espera, nem eu queria de soubesses
que o meu tempo te estava destinado
mesmo comigo a não te querer
Queria amar e dei-te asas
Queria amar o Sal que é meu e do Mar
Queria desamar o Fogo, que eu própria
e a natureza fiel criámos para Nós
para apagar o fogo desnatural que exara
o teu corpo e o de outros homens
Queria amar e dei-te asas
Queria amar as escamas malcheirosas de peixes
dentro o seu mundo impenetrável de profundezas
e águas escuras, onde ninguém
nem tu, conseguem chegar
Queria amar e dei-te asas
E pensei que soubesses alguma coisa
de Bem e Mal e de Sal e Mar
Mas não, sabias de Terra e Fogo
Ardor e Pântanos onde
Resvalas a tua vida incessante
Mente e desequilibrio
de Corpo desencorpado de uma criatura
que te fez parir sem vontade e contra
essa tua natureza
Queria amar e dei-te asas
As asas de pássaro desvairado
com escamas e molhado
que se não deixa apanhar, agarrar ou pescar
Queria amar e dei-te asas
Corre, voa, nada com ele
Não o apanharás nunca, deixa para trás aquele outro corpo
desencontrado de ti
e est'outro que te foge, sempre e sempre
Mas se deixa encontrar
Queria amar e dei-te asas
Vem procurar
Saint Jacques, 20 de Fevereiro de 2008
Da senda africana às entranhas da alma
Da senda africana às entranhas da alma
Ter arte e capacidade engenhosa
Para voar faz-nos criar ASAS.
Daquelas que nos rebentam
Por dentro e saltam das formas
Menos ortodoxas para ti e de natureza para mim.
Voar está aqui, dentro de mim.
Entra se quiseres e navega
No seio do meu corpo
E consome-me de alto a baixo sem que eu te veja
Mas que te sinta, nos sonhos e sendas
Mais africanizados da minha alma
E daqui, desta arte e desejo de silenciar
Alma e desejo
Hei-de correr, para te encontrar,
Sempre dentro de mim.
Saint Jacques, Novembro de 2008
Ter arte e capacidade engenhosa
Para voar faz-nos criar ASAS.
Daquelas que nos rebentam
Por dentro e saltam das formas
Menos ortodoxas para ti e de natureza para mim.
Voar está aqui, dentro de mim.
Entra se quiseres e navega
No seio do meu corpo
E consome-me de alto a baixo sem que eu te veja
Mas que te sinta, nos sonhos e sendas
Mais africanizados da minha alma
E daqui, desta arte e desejo de silenciar
Alma e desejo
Hei-de correr, para te encontrar,
Sempre dentro de mim.
Saint Jacques, Novembro de 2008
Covardamor
Covardamor
Eu sei que não sou covarde.
Sei que te amo
Sei que te quero
E sei que o assumo
O que quero que saibas:
Não te sinto no meu regaço
Não te sinto no meio de mim
Não te sinto a quereres-me
Não te sinto assim.
Por isso, sou covarde. Prefiro
Esperar a acompanhar-te
Mas basta que me peças.
E eu irei, contigo,
Corajosamente, de mãos dadas
Prontos para o julgamento, esse
Sim, dos outros
Da outra
Pessoas que te não querem
Que te desejam
Ver julgado e atirado
Às pedras de calçada
Eu deitar-me-ei
Ao teu lado, nua, sempre nua
Com toda a verdade
E todo o meu amor
Abrir-me-ei e sei que me vais querer
Sei que os sangues se misturarão
Sei que as flores sentirão, por momentos,
Tão fervoroso calor
E murcharão em homenagem
Eu secarei as suas gotas de sangue
Com a minha boca amar-te-ei
Ao longo de todo essa eternidade
E que o corpo o manifeste
Sem medo e me deseje
Um pouco apenas.
Sem que para isso baste
Não me tocares
Amar é isso mesmo. Sentir.
Mesmo que estejas com outra
Saber que esta é a diferença
Faz-me sentir heroína
De valentia e combaterei
Enxames de gente sem valor
E ficarei em alento
Metafísico
Porque não há mais metafísica
Que a da minha cabeça
Que se debruça sobre ti
E que simplesmente quer amar
Mas tem medo.
Reergo-me
Estende para mim
Essa mão.
Saint Jacques
17 Fevereiro de 2008
Eu sei que não sou covarde.
Sei que te amo
Sei que te quero
E sei que o assumo
O que quero que saibas:
Não te sinto no meu regaço
Não te sinto no meio de mim
Não te sinto a quereres-me
Não te sinto assim.
Por isso, sou covarde. Prefiro
Esperar a acompanhar-te
Mas basta que me peças.
E eu irei, contigo,
Corajosamente, de mãos dadas
Prontos para o julgamento, esse
Sim, dos outros
Da outra
Pessoas que te não querem
Que te desejam
Ver julgado e atirado
Às pedras de calçada
Eu deitar-me-ei
Ao teu lado, nua, sempre nua
Com toda a verdade
E todo o meu amor
Abrir-me-ei e sei que me vais querer
Sei que os sangues se misturarão
Sei que as flores sentirão, por momentos,
Tão fervoroso calor
E murcharão em homenagem
Eu secarei as suas gotas de sangue
Com a minha boca amar-te-ei
Ao longo de todo essa eternidade
E que o corpo o manifeste
Sem medo e me deseje
Um pouco apenas.
Sem que para isso baste
Não me tocares
Amar é isso mesmo. Sentir.
Mesmo que estejas com outra
Saber que esta é a diferença
Faz-me sentir heroína
De valentia e combaterei
Enxames de gente sem valor
E ficarei em alento
Metafísico
Porque não há mais metafísica
Que a da minha cabeça
Que se debruça sobre ti
E que simplesmente quer amar
Mas tem medo.
Reergo-me
Estende para mim
Essa mão.
Saint Jacques
17 Fevereiro de 2008
Corrente
Corrente
Deixa-me ir. De coração a voar, entre as correntes do mar.
Deixa-me ir. Acredita em mim.
Deixa-me ir, entre sepulturas em que vivo
Deixa-me ir, entre o amor jamais sentido
Deixa-me ir, entre copas de árvores
Deixa-me ir entre correntes minhas,
Oceânicas
Deixa-me ir entre as ovelhas do teu
E meu rebanho
Deixa-me ir para longe de orvalhos de lágrimas
Deixa-me ir para longe de pétalas de sangue
Deixa-me ir para onde sei que não queres
Procurar-me
Deixa-me ir para os Céus tempestuosos
Deixa-me ir para junto dos anjos
Deixa-me ir e partir
Deixa-me ir para as montanhas
De terra
Deixa-me ir onde o ar beijará para sempre
As nossas bocas
Deixa-me ir para aí
Ao ar
Deixa-me, meu amor. Ir.
Saint Jacques
17 de Fevereiro de 2008
Deixa-me ir. De coração a voar, entre as correntes do mar.
Deixa-me ir. Acredita em mim.
Deixa-me ir, entre sepulturas em que vivo
Deixa-me ir, entre o amor jamais sentido
Deixa-me ir, entre copas de árvores
Deixa-me ir entre correntes minhas,
Oceânicas
Deixa-me ir entre as ovelhas do teu
E meu rebanho
Deixa-me ir para longe de orvalhos de lágrimas
Deixa-me ir para longe de pétalas de sangue
Deixa-me ir para onde sei que não queres
Procurar-me
Deixa-me ir para os Céus tempestuosos
Deixa-me ir para junto dos anjos
Deixa-me ir e partir
Deixa-me ir para as montanhas
De terra
Deixa-me ir onde o ar beijará para sempre
As nossas bocas
Deixa-me ir para aí
Ao ar
Deixa-me, meu amor. Ir.
Saint Jacques
17 de Fevereiro de 2008
Carpe escamas e agonias
Carpe escamas e agonias
A vida carpe ora escamas ora agonias
A ti dá-te a mim tira
Tira de vento tira de tempo
Tira de teimas e afectos
A vida carpe ora escamas ora agonias
Dá-me a alma perdida sempre
Em ondas cinzentas de fumo
Como os dias de hoje, com chuva e cinzas
A vida carpe ora escamas ora agonias
Mas tira-me o sangue que me faz explodir
Na ira de afectos ora, na gula de humildade
Em que desces com mãos e água
A vida carpe ora escamas ora agonias
De pedras ardosiadas e cortantes
De camadas miseráveis de vida
Como a minha, nasceste príncipe, dizes
Nasci plebeia no morro amadeirado
E armadilhado entre escamas e lascas
De tábuas corridas de lágrimas, que teimam
Em descer até ao dia de hoje.
A vida carpe ora escamas ora agonias
Saint Jacques, Novembro de 2009
A vida carpe ora escamas ora agonias
A ti dá-te a mim tira
Tira de vento tira de tempo
Tira de teimas e afectos
A vida carpe ora escamas ora agonias
Dá-me a alma perdida sempre
Em ondas cinzentas de fumo
Como os dias de hoje, com chuva e cinzas
A vida carpe ora escamas ora agonias
Mas tira-me o sangue que me faz explodir
Na ira de afectos ora, na gula de humildade
Em que desces com mãos e água
A vida carpe ora escamas ora agonias
De pedras ardosiadas e cortantes
De camadas miseráveis de vida
Como a minha, nasceste príncipe, dizes
Nasci plebeia no morro amadeirado
E armadilhado entre escamas e lascas
De tábuas corridas de lágrimas, que teimam
Em descer até ao dia de hoje.
A vida carpe ora escamas ora agonias
Saint Jacques, Novembro de 2009
Caminho
Caminho
Caminhamos e distanciamos
Um passo e dois passos para um caminho, novo ou velho,
Verdade digo omissões cometo
Acreditei num amor que também me enganou no momento da esquina
Assim que começou o desaire
Passado doi, e o jogo também
Seja de espelhos, de opacos ou transparentes
Mentiste-me um dia
Eu também o fiz
Omiti te uma vingança que a mim diz respeito
E não me arrependo
Isso diz respeito a minha existencia
A minha génese e ao meu passado
Cobrei a todos quantos quis e gozei
Fiz sofrer o que me fizeram a mim sofrer
O novo caminho, dizes tu
trás sempre memórias
é verdade
Mas não rasga o pergaminho. Ele existe
Na essencia da minha humildade
Na essencia da minha maldade
Como na tua humildade
Como na tua maldade
Não faças jogos de traições
Desculpando o amor que julguei sentisses
No sexo trocado a troco de nada
Amar? Senti
E nunca te enganei. Digas o que disseres
Faz e escreve as tuas histórias recriadas por ti
O passado é para ser lembrado
Se ilusão te fiz ter
E te iludi
E precisas esquecer, parte
As tuas Dores que tanto latejam, dizes
São memorias que partem
E que ficam em mim
As minhas Dores são águas que volateiam
Asfixiam-me os 4 elementos
Na minha boca que mente, dizes tu
Tanto como a tua, sempre que disseste
Que nunca me enganaste
Fala a verdade falada que queres
Sem jogos nem escondidas que tapas
E se, juntos fossemos
A mente não se perde.
Tudo depende das vontades.
Da decisão de mudança e de criação
De uma vida
Mataste-me um dia, quando disseste
O que querias, que era não quereres uma parte de mim
Que matei.
Morreu nesse dia a minha ilusão
E a tua, o que lhe fizeste?
Saint Jacques
30 de Outubro de 2010
Caminhamos e distanciamos
Um passo e dois passos para um caminho, novo ou velho,
Verdade digo omissões cometo
Acreditei num amor que também me enganou no momento da esquina
Assim que começou o desaire
Passado doi, e o jogo também
Seja de espelhos, de opacos ou transparentes
Mentiste-me um dia
Eu também o fiz
Omiti te uma vingança que a mim diz respeito
E não me arrependo
Isso diz respeito a minha existencia
A minha génese e ao meu passado
Cobrei a todos quantos quis e gozei
Fiz sofrer o que me fizeram a mim sofrer
O novo caminho, dizes tu
trás sempre memórias
é verdade
Mas não rasga o pergaminho. Ele existe
Na essencia da minha humildade
Na essencia da minha maldade
Como na tua humildade
Como na tua maldade
Não faças jogos de traições
Desculpando o amor que julguei sentisses
No sexo trocado a troco de nada
Amar? Senti
E nunca te enganei. Digas o que disseres
Faz e escreve as tuas histórias recriadas por ti
O passado é para ser lembrado
Se ilusão te fiz ter
E te iludi
E precisas esquecer, parte
As tuas Dores que tanto latejam, dizes
São memorias que partem
E que ficam em mim
As minhas Dores são águas que volateiam
Asfixiam-me os 4 elementos
Na minha boca que mente, dizes tu
Tanto como a tua, sempre que disseste
Que nunca me enganaste
Fala a verdade falada que queres
Sem jogos nem escondidas que tapas
E se, juntos fossemos
A mente não se perde.
Tudo depende das vontades.
Da decisão de mudança e de criação
De uma vida
Mataste-me um dia, quando disseste
O que querias, que era não quereres uma parte de mim
Que matei.
Morreu nesse dia a minha ilusão
E a tua, o que lhe fizeste?
Saint Jacques
30 de Outubro de 2010
Busco pelas flores e ar do meu jardim
Busco pelas flores e ar do meu jardim
Busco pelas flores e ar do meu jardim
Busco pelas pedras de calçada
Busco pela nojeira que lá atiram
E que preciso de limpar
Paro aqui pairo ali
Vejo que as asas ficam desfolgadas
Vejo as pegas de tempos palrados
Entrego-me em verdejantes ares
E azuis oceanos
Atrás de escamas escorregadias como
Velhas palradeiras que cospem na calçada
Que eu sinto enlameada
Onde andas ondas de tempos afogados?
Onde me perdeste que não me quero encontrar?
Senta-te aqui, sobre o meu regaço
Dá-mo do teu balanço e do teu enlace
Casa com o meu tempo fugidio
Agarra tudo aquilo que te foge
Agarra os ventos que se te perdem
Agarra. Larga.
Onde andas tempo escorrido?
Onde andas águas enlameadas
Que já foram cristalinas e que se perderam
Fica aqui, brilha na sombra das imagens
Que consigo projectar, a teu lado.
Mas fica.
Sem partir… para sempre.
Busco pelas flores e ar do meu jardim
Busco pelas pedras de calçada
Busco pela nojeira que lá atiram
E que preciso de limpar
Paro aqui pairo ali
Vejo que as asas ficam desfolgadas
Vejo as pegas de tempos palrados
Entrego-me em verdejantes ares
E azuis oceanos
Atrás de escamas escorregadias como
Velhas palradeiras que cospem na calçada
Que eu sinto enlameada
Onde andas ondas de tempos afogados?
Onde me perdeste que não me quero encontrar?
Senta-te aqui, sobre o meu regaço
Dá-mo do teu balanço e do teu enlace
Casa com o meu tempo fugidio
Agarra tudo aquilo que te foge
Agarra os ventos que se te perdem
Agarra. Larga.
Onde andas tempo escorrido?
Onde andas águas enlameadas
Que já foram cristalinas e que se perderam
Fica aqui, brilha na sombra das imagens
Que consigo projectar, a teu lado.
Mas fica.
Sem partir… para sempre.
Beijo entre a Mão e o Corpo
Beijo entre a Mão e o Corpo
Eu sei que o primeiro beijo se dá ai.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
Foi um corpo entregue, que te foi entregue
Não por mim.
Pela criação e Mão de Deus.
Por isso, recebe e agradece.
Não, não te vou…
Não te Vou te roubar um beijo
E mesmo que não seja por bem
Não resisto a esse sorriso de alento
Com a cor dessa boca pintada
De cor natural
Vem sorrindo e sorrindo, misturado para mim
Com essa boca me envenenas
Com esses olhos que me olhas e me condenas
E eu fico perdida e assim
Perco o corpo que esvoaça para ti
E não quero que partas
De mim
Acabei de chegar
E chegar dentro de ti, na alma,
Que me fazes sentir de verdade
Porque sem quereres o meu beijo
Vais não mais ter, porque é dele
Que podes vir, e não voltar
A sofrer
Canta me os teus segredos,
Na minha boca e não pares
Porque é isso – apenas – que te me quero
Ouvir, sentes?
Saint Jacques
28 de Janeiro de 2008
Eu sei que o primeiro beijo se dá ai.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
Foi um corpo entregue, que te foi entregue
Não por mim.
Pela criação e Mão de Deus.
Por isso, recebe e agradece.
Não, não te vou…
Não te Vou te roubar um beijo
E mesmo que não seja por bem
Não resisto a esse sorriso de alento
Com a cor dessa boca pintada
De cor natural
Vem sorrindo e sorrindo, misturado para mim
Com essa boca me envenenas
Com esses olhos que me olhas e me condenas
E eu fico perdida e assim
Perco o corpo que esvoaça para ti
E não quero que partas
De mim
Acabei de chegar
E chegar dentro de ti, na alma,
Que me fazes sentir de verdade
Porque sem quereres o meu beijo
Vais não mais ter, porque é dele
Que podes vir, e não voltar
A sofrer
Canta me os teus segredos,
Na minha boca e não pares
Porque é isso – apenas – que te me quero
Ouvir, sentes?
Saint Jacques
28 de Janeiro de 2008
ASAS PARA TI E SEM TEMPO
ASAS PARA TI E SEM TEMPO
Decidi abrir-me a mim e às minhas asas
Que se escondiam
Atrás de um passado perdido
Pelo tempo
De tão abertas que ficaram,
As plumas esbranquiçadas
Feriram-me partes de um corpo
Amedrontado e sempre
Talvez, quase, sempre
Desejado
Corri corri corri para ensaiar
Comecei a senti-las sem forças
E depois foram arrastando
Pedrinhas sem dimensão
Nenhuma, depois maiores, depois enormes
E consegui, mostrar-tas,
Imponentes, de um brilho
Inacreditável – eu própria – não queria acreditar
Tratava-se de um acontecimento,
Ter perdido as asas.
Mas conseguir reavê-las,
Foi uma Obra divina
De Deus, desse Deus, que é só meu
Que me protege sempre,
Mesmo quando me sinto insegura,
Sobre se Ele existe ou não,
Se Ele ajuda quem por Ele
Clama,
Sem chamar
Clamar e Chamar
Não sempre a mesma coisa.
Podem ser tudo ou nada.
Depende do amor que tenha nos olhos
E eu nunca tenho Amor.
Sou sempre incompleta e im-pre-feita,
Mesmo quando, a voar, como os Anjos,
Vejo o Sofrimento de la de cima
De crianças a morrer
De velhos a sofrer
De mulheres a gemer
De jovens a fugir
E homens?? Eu nunca os vejo
Tenho medo.
Mas eu não sou nada, nem Anjo, nem coisa nenhuma.
Eu sou eu. E se fosse Anjo, não era eu.
Nem podia contar-te esta história.
Que é uma história sobre coisa nenhuma,
Mas que é tua, é minha,
Bem, é de quem quiser.
O melhor é querer, qualquer coisa
Boa ou má tanto faz, desde que com asas
Para ter Mundo
Para ter dimensão
Para poder amar.
Sempre ou Nunca.
Tanto faz…
Decidi abrir-me a mim e às minhas asas
Que se escondiam
Atrás de um passado perdido
Pelo tempo
De tão abertas que ficaram,
As plumas esbranquiçadas
Feriram-me partes de um corpo
Amedrontado e sempre
Talvez, quase, sempre
Desejado
Corri corri corri para ensaiar
Comecei a senti-las sem forças
E depois foram arrastando
Pedrinhas sem dimensão
Nenhuma, depois maiores, depois enormes
E consegui, mostrar-tas,
Imponentes, de um brilho
Inacreditável – eu própria – não queria acreditar
Tratava-se de um acontecimento,
Ter perdido as asas.
Mas conseguir reavê-las,
Foi uma Obra divina
De Deus, desse Deus, que é só meu
Que me protege sempre,
Mesmo quando me sinto insegura,
Sobre se Ele existe ou não,
Se Ele ajuda quem por Ele
Clama,
Sem chamar
Clamar e Chamar
Não sempre a mesma coisa.
Podem ser tudo ou nada.
Depende do amor que tenha nos olhos
E eu nunca tenho Amor.
Sou sempre incompleta e im-pre-feita,
Mesmo quando, a voar, como os Anjos,
Vejo o Sofrimento de la de cima
De crianças a morrer
De velhos a sofrer
De mulheres a gemer
De jovens a fugir
E homens?? Eu nunca os vejo
Tenho medo.
Mas eu não sou nada, nem Anjo, nem coisa nenhuma.
Eu sou eu. E se fosse Anjo, não era eu.
Nem podia contar-te esta história.
Que é uma história sobre coisa nenhuma,
Mas que é tua, é minha,
Bem, é de quem quiser.
O melhor é querer, qualquer coisa
Boa ou má tanto faz, desde que com asas
Para ter Mundo
Para ter dimensão
Para poder amar.
Sempre ou Nunca.
Tanto faz…
Amor ora com ora sem
Amor ora com ora sem
Amo-te de perdição, sobretudo
Quando espancas a minha alma
Em posse e adoração
E não a espancas com actos injustos
Amo-te de perdição sempre que me
Enrodilho nos pelos da tua alma
À espera de te cheirar mais
E Melhor
Amo-te de perdição pelo pouco e muito
Que me dás e às vezes me tiras
Sem pedir ou informar
E pior
Amo-te de perdição sempre que me
Deixas à espera da insegurança
E violentas as aves sem penas
Que as perderam e teimam
Em procurar
Saint Jacques
Novembro 2009
Amo-te de perdição, sobretudo
Quando espancas a minha alma
Em posse e adoração
E não a espancas com actos injustos
Amo-te de perdição sempre que me
Enrodilho nos pelos da tua alma
À espera de te cheirar mais
E Melhor
Amo-te de perdição pelo pouco e muito
Que me dás e às vezes me tiras
Sem pedir ou informar
E pior
Amo-te de perdição sempre que me
Deixas à espera da insegurança
E violentas as aves sem penas
Que as perderam e teimam
Em procurar
Saint Jacques
Novembro 2009
Amor em dias frios
Amor em dias frios
Por amor e pela lealdade, sigo ao teu lado.
Sempre em verdade.
Com pureza e impureza, depende dos ventos
Caminho sobre espinhos
Crio o novo ano e contigo
Sigo a linha do tempo e o calor
de um vento ardente.
Saint Jacques
Por amor e pela lealdade, sigo ao teu lado.
Sempre em verdade.
Com pureza e impureza, depende dos ventos
Caminho sobre espinhos
Crio o novo ano e contigo
Sigo a linha do tempo e o calor
de um vento ardente.
Saint Jacques
Amar para sempre, amar o esquecido
Amar para sempre, amar o esquecido
Amar para sempre o meu amor
Foi algo que sonhei
E que hoje desacreditei.
Sabemos que nos amamos
Porque sentimos amor de amar
Sinto que as águas se agitam
Por dentro e por fora
Por dentro esvai-se em lágrimas o filho perdido
Em sofrimento que nunca se esquece
Por fora carpem-te-me as fémeas caçadoras
Para as quais te me liberto
Se for este o teu destino
Na escuridão da morte de um amor amado
E morto de anunciado
Caminha para lá, atrás de um casamento esquenido
E nunca te libertes do unico que consentiste
Na tua vida, e nunca mais te cases
Em amor amado
Mas amor esquecido, volta ao casamento
Do amor esquecido que te bloqueou as trevas da vida
E sem luz, te apagaste para a paternidade
Anunciada em morte e prevista em esquecimento
Sucessivo
Sou mãe do diabo. Transporto a morte
Dentro de mim.
E disso não passo, para sempre.
Amar para sempre, amar o esquecido
Não sou eu, mas são as minhas maos que escrevem
Amar para sempre o meu amor
Foi algo que sonhei
E que hoje desacreditei.
Sabemos que nos amamos
Porque sentimos amor de amar
Sinto que as águas se agitam
Por dentro e por fora
Por dentro esvai-se em lágrimas o filho perdido
Em sofrimento que nunca se esquece
Por fora carpem-te-me as fémeas caçadoras
Para as quais te me liberto
Se for este o teu destino
Na escuridão da morte de um amor amado
E morto de anunciado
Caminha para lá, atrás de um casamento esquenido
E nunca te libertes do unico que consentiste
Na tua vida, e nunca mais te cases
Em amor amado
Mas amor esquecido, volta ao casamento
Do amor esquecido que te bloqueou as trevas da vida
E sem luz, te apagaste para a paternidade
Anunciada em morte e prevista em esquecimento
Sucessivo
Sou mãe do diabo. Transporto a morte
Dentro de mim.
E disso não passo, para sempre.
Amar para sempre, amar o esquecido
Não sou eu, mas são as minhas maos que escrevem
Amar é sofrer muito, sempre
Amar é sofrer muito, sempre
Minto-lhe sempre com a verdade
E isso faz-me sangrar a alma
A alma que s’apaga porque escureceu
E que perde pétalas que achava ter
E perdeu.
Corro atrás das gotículas de chuva
Que o Sol seca ardentemente
Corro atrás de ti e de coisa nenhuma
Que é o meu passado, sempre colhido
Neste presente
Corro e não mexo pernas
Gazelas engrossadas pelo escudo da vida
Parada e desamada
Ai o tempo, que me agarrou
E me amarrou ao um baobabe
De terras sequitas de um deserto senegalês
E corpos que se enterram no interior dessas sagradas
Árvores, que recebem defuntos mortos
De islão profundo
Que quase se assemelham a mim,
Ainda viva
Cristã perdida
Ai o tempo, chora pela minha agonia
E ria ria-se sem parar,
Agachava-se ao lado de todos
Os que me prendiam.
E ria-se
Que nem um
Comum escarcéu de ratos esvoaçantes
Com asas e secura
Onde andas agora?
Não devias levar-me para junto desse tronco?
E secar-me ao teu lado?
Clama clama e busca por chama.
Sequei. Morri. Agora floresço em abundante verde.
O morto entrou em mim.
Saint Jacques , Julho de 2008
Minto-lhe sempre com a verdade
E isso faz-me sangrar a alma
A alma que s’apaga porque escureceu
E que perde pétalas que achava ter
E perdeu.
Corro atrás das gotículas de chuva
Que o Sol seca ardentemente
Corro atrás de ti e de coisa nenhuma
Que é o meu passado, sempre colhido
Neste presente
Corro e não mexo pernas
Gazelas engrossadas pelo escudo da vida
Parada e desamada
Ai o tempo, que me agarrou
E me amarrou ao um baobabe
De terras sequitas de um deserto senegalês
E corpos que se enterram no interior dessas sagradas
Árvores, que recebem defuntos mortos
De islão profundo
Que quase se assemelham a mim,
Ainda viva
Cristã perdida
Ai o tempo, chora pela minha agonia
E ria ria-se sem parar,
Agachava-se ao lado de todos
Os que me prendiam.
E ria-se
Que nem um
Comum escarcéu de ratos esvoaçantes
Com asas e secura
Onde andas agora?
Não devias levar-me para junto desse tronco?
E secar-me ao teu lado?
Clama clama e busca por chama.
Sequei. Morri. Agora floresço em abundante verde.
O morto entrou em mim.
Saint Jacques , Julho de 2008
Amar, com jacas e cerejas. Amar Amar
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Voar e desejar o corpo, os corpos,
Voar e desejar, sempre
Desce, caminha, pensa
Decide, opta e vagueia
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Quis que o meu vento te me levasse
Sem que me tocasses e dando-te um peso
Peso amargo, sem o doce
De cerejas que desejas
Ou de jacas cheirosas e não petrificadas
Ou apodrecidas.
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Pus-te na memória da minha vida,
Sem pecado e deixei que entrasses
Sem bater à porta,
Ficaste e eu partia, de quando em vez,
Atrás de misericórdias
Atrás de penitências
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Ora entravas, ora eu saía
Ora entrava, ora saías.
Fomos fugindo e caminhando
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Sem palavras e com poesia
Com prosa e lágrimas e agonia
Às vezes
Sem nada
Às vezes
Com tudo.
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Parei. Chorei. Senti o aroma maduro
Parei, gritei. Senti o odor, putrificado
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Fui assim. Sou esta devir. Entre nada e coisa nenhuma
Sou assim. Entre mim e ti, entre ti e mim.
O que sou afinal?
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Parar. E cheirar. Sentes?
Amar, sempre, amar
Voar e desejar o corpo, os corpos,
Voar e desejar, sempre
Desce, caminha, pensa
Decide, opta e vagueia
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Quis que o meu vento te me levasse
Sem que me tocasses e dando-te um peso
Peso amargo, sem o doce
De cerejas que desejas
Ou de jacas cheirosas e não petrificadas
Ou apodrecidas.
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Pus-te na memória da minha vida,
Sem pecado e deixei que entrasses
Sem bater à porta,
Ficaste e eu partia, de quando em vez,
Atrás de misericórdias
Atrás de penitências
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Ora entravas, ora eu saía
Ora entrava, ora saías.
Fomos fugindo e caminhando
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Sem palavras e com poesia
Com prosa e lágrimas e agonia
Às vezes
Sem nada
Às vezes
Com tudo.
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Parei. Chorei. Senti o aroma maduro
Parei, gritei. Senti o odor, putrificado
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Fui assim. Sou esta devir. Entre nada e coisa nenhuma
Sou assim. Entre mim e ti, entre ti e mim.
O que sou afinal?
Amar, com jacas e cerejas,
Amar, sempre, amar
Parar. E cheirar. Sentes?
AMAR (S)EM TEMPOS DE CÓLERA
AMAR (S)EM TEMPOS DE CÓLERA
Colerica forma de estar esta agonia
que atravessa a alma e a poesia e pontes
que nos unem e desunem, sabes tu
Ventos faseados de Norte e Sul
Tempestades gélidas e oceanicamente
Devastadores da vida que desenhamos
Ora a preto e branco, ora a verde e amarelo
No fundo como os dias que me deprimem ou os que me fazem feliz
Ou nos dias que me possuis animalescamente
Fazendo que seja tua para a Eternidade
Ou que apenas passes pela minha pele como se de nada se tratasse
Amar assim é pouco e quero mais de mim
Para ti e de lá para cá
A cólera verdeja agora nas àfricas não tuas
A cólera ficou amarela da cor do Sol
e Secou uma vida inteira de esperança
Para o verde do mato onde o capim nos esconde
E nos possuimos selvaticamente
Que merda de cólera esta que não decidimos
O que é preto e branco e o que é verde e amarelo?
Faz-me sem cólera no Mato
Mas entrega-me à Óbô para que se enrole
em mim no tempo que tanto me assusta
Saint Jacques, 18 Março 2010
Colerica forma de estar esta agonia
que atravessa a alma e a poesia e pontes
que nos unem e desunem, sabes tu
Ventos faseados de Norte e Sul
Tempestades gélidas e oceanicamente
Devastadores da vida que desenhamos
Ora a preto e branco, ora a verde e amarelo
No fundo como os dias que me deprimem ou os que me fazem feliz
Ou nos dias que me possuis animalescamente
Fazendo que seja tua para a Eternidade
Ou que apenas passes pela minha pele como se de nada se tratasse
Amar assim é pouco e quero mais de mim
Para ti e de lá para cá
A cólera verdeja agora nas àfricas não tuas
A cólera ficou amarela da cor do Sol
e Secou uma vida inteira de esperança
Para o verde do mato onde o capim nos esconde
E nos possuimos selvaticamente
Que merda de cólera esta que não decidimos
O que é preto e branco e o que é verde e amarelo?
Faz-me sem cólera no Mato
Mas entrega-me à Óbô para que se enrole
em mim no tempo que tanto me assusta
Saint Jacques, 18 Março 2010
Áfricas Diferentes
Áfricas Diferentes
Há uma terra em que nasci
Há outra em que cresci
Soube de um tempo
Que perdi e já não quero encontrar
Tempo desejado, tempo desesperado
Há uma terra onde arde o fogo
Há uma terra que inunda em salgada água
Há uma terra que alimenta
Um povo bondoso
Castanho escuro por fora
Africanamente generoso por dentro
Ali em cima daquela Linha
Em que Marinheiros de águas violentas
Bordejam à escala zero
Onde o Céu e a Terra se encontram
No limite entre a Vida e a Morte
E onde nasci e hei-de morrer.
Saint Jacques
26072008
Há uma terra em que nasci
Há outra em que cresci
Soube de um tempo
Que perdi e já não quero encontrar
Tempo desejado, tempo desesperado
Há uma terra onde arde o fogo
Há uma terra que inunda em salgada água
Há uma terra que alimenta
Um povo bondoso
Castanho escuro por fora
Africanamente generoso por dentro
Ali em cima daquela Linha
Em que Marinheiros de águas violentas
Bordejam à escala zero
Onde o Céu e a Terra se encontram
No limite entre a Vida e a Morte
E onde nasci e hei-de morrer.
Saint Jacques
26072008
Africanês
Africanês
Perdi a aurora e a castidade com que nasci
Perdi a frescura de um tempo
Perdido na busca de coisa nenhuma
Para ti, por ti, e sem mim
Acendi a luz da secretária e sente-me
Com as letras que restam no meu jardim
Imaginário de sempre
Perco-me em orgasmos de palavras
Perco-me na busca de um prazer
Sempre imediato nas coisas que escrevo
Que nenhum valor têm
Se não ou nem sequer para mim
E passei a africanizar-me
Cada vez mais, africanizar-me
Assumir origens de uma língua
Que ninguém conhece e em que todos pensam
Buscar
Vou atrás da minha terra, dar-lhe prazer
À minha custa, e á tua se um dia para lá
Caminhares
Voa, se falas passarês, com as asas
Depenadas e a sangrar
Com a tinta de letras e as marcas do tempo
Nunca penses que o sofrimento é só teu
Não tenhas essa ilusão, sonha antes
Que deste desalento a quem te quis ganhar, e conseguiu,
Mas perdeu a virgindade de palavras
Que só a ti dirigiu um dia.
E vamos agora para onde?
Dar as mãos e correr voando e mergulhando
Entre alento e desalento
Entre prazer e amargura
Entre alegria e tristeza
Entre ti e entre mim
O que nos resta?
Se não as palavras, o tempo, passado e…
O nosso futuro? Africanês?
Saint Jacques
Setembro de 2009
Perdi a aurora e a castidade com que nasci
Perdi a frescura de um tempo
Perdido na busca de coisa nenhuma
Para ti, por ti, e sem mim
Acendi a luz da secretária e sente-me
Com as letras que restam no meu jardim
Imaginário de sempre
Perco-me em orgasmos de palavras
Perco-me na busca de um prazer
Sempre imediato nas coisas que escrevo
Que nenhum valor têm
Se não ou nem sequer para mim
E passei a africanizar-me
Cada vez mais, africanizar-me
Assumir origens de uma língua
Que ninguém conhece e em que todos pensam
Buscar
Vou atrás da minha terra, dar-lhe prazer
À minha custa, e á tua se um dia para lá
Caminhares
Voa, se falas passarês, com as asas
Depenadas e a sangrar
Com a tinta de letras e as marcas do tempo
Nunca penses que o sofrimento é só teu
Não tenhas essa ilusão, sonha antes
Que deste desalento a quem te quis ganhar, e conseguiu,
Mas perdeu a virgindade de palavras
Que só a ti dirigiu um dia.
E vamos agora para onde?
Dar as mãos e correr voando e mergulhando
Entre alento e desalento
Entre prazer e amargura
Entre alegria e tristeza
Entre ti e entre mim
O que nos resta?
Se não as palavras, o tempo, passado e…
O nosso futuro? Africanês?
Saint Jacques
Setembro de 2009
Adeus é sempre
Adeus é sempre
o presente da minha vida. Vivo com o adeus na boca e os olhos em lágrimas.
Sempre à espera que te me possas ir.
Sempre à espera que queiras partir,
Como eu aliás.
Nada de novo,
Fujo entre claustros e barracas de tempos
Perdidos
Busco por ti,
Entre pântanos lamacentos
De bocas maldicentes e
Pegas parladoras
Busco por ti,
No leito da minha cama
Onde todos os dias teima
Em aparecer um homem
Em miniatura
Que diz amar-me, sempre
Sempre ao ouvido
Busco por ti,
Pelo teu cheiro de corpo verde
Como as ervas em que sempre
Me enrolo, como se fosses tu
Busco por ti,
Pelas tuas lágrimas que insisto
Em secar e que me escondes
Busco por ti,
Pela pobreza que tens e de que foges
Atrás de alguém
Que te não quer,
Busco por ti,
Não sei há quanto tempo
Mas busco, sempre
E fico aqui.
De braços cruzados e dedilhar letras para mim
Já que sei que nada sei de ti
Saint Jacques
Fevereiro de 2008
Fico o de Eugénio de Andrade, mais rico que o meu miserável e sempre presente
Adeus
o presente da minha vida. Vivo com o adeus na boca e os olhos em lágrimas.
Sempre à espera que te me possas ir.
Sempre à espera que queiras partir,
Como eu aliás.
Nada de novo,
Fujo entre claustros e barracas de tempos
Perdidos
Busco por ti,
Entre pântanos lamacentos
De bocas maldicentes e
Pegas parladoras
Busco por ti,
No leito da minha cama
Onde todos os dias teima
Em aparecer um homem
Em miniatura
Que diz amar-me, sempre
Sempre ao ouvido
Busco por ti,
Pelo teu cheiro de corpo verde
Como as ervas em que sempre
Me enrolo, como se fosses tu
Busco por ti,
Pelas tuas lágrimas que insisto
Em secar e que me escondes
Busco por ti,
Pela pobreza que tens e de que foges
Atrás de alguém
Que te não quer,
Busco por ti,
Não sei há quanto tempo
Mas busco, sempre
E fico aqui.
De braços cruzados e dedilhar letras para mim
Já que sei que nada sei de ti
Saint Jacques
Fevereiro de 2008
Fico o de Eugénio de Andrade, mais rico que o meu miserável e sempre presente
Adeus
Perdida
Perdida
Perdi-me do tempo.
Perdi as minha penas, enchi-me de pedras.
Afoguei-me no desespero de causa nenhuma.
Perdi ar, perdi água, perdi fogo, perdi terra
Perdi os elementos
De Heraclito a Sófocles
Procuro, passo a passo
cada partícula de oxigénio
Procuro, passo a passo
Cada elemento de água
Procuro, passo a passo
cada partícula de fogo
Procuro, passo a passo
cada particula e elemento de terra.
E Hei-de reincendiar-me
E queimar-te em chamas de fogo ardente
deixar-te em quezília de chamas
E Hei-de inundar-me
E molhar-te de alto a baixo,
com lágrimas de afecto e de tristeza
E Juntar a Terra e o Ar.
Fazer destes dois a base
Pela qual sobrevivemos.
Hei-de reaprender a voar e mostrar
As asas antes em sangue
agora saradas e inundadas
Com água e o suor sofrido
E hei-de lamber-te cada gota
desse sofrimento
que tomarei como meu.
Saint Jacques
3 de Setembro de 2009
Perdi-me do tempo.
Perdi as minha penas, enchi-me de pedras.
Afoguei-me no desespero de causa nenhuma.
Perdi ar, perdi água, perdi fogo, perdi terra
Perdi os elementos
De Heraclito a Sófocles
Procuro, passo a passo
cada partícula de oxigénio
Procuro, passo a passo
Cada elemento de água
Procuro, passo a passo
cada partícula de fogo
Procuro, passo a passo
cada particula e elemento de terra.
E Hei-de reincendiar-me
E queimar-te em chamas de fogo ardente
deixar-te em quezília de chamas
E Hei-de inundar-me
E molhar-te de alto a baixo,
com lágrimas de afecto e de tristeza
E Juntar a Terra e o Ar.
Fazer destes dois a base
Pela qual sobrevivemos.
Hei-de reaprender a voar e mostrar
As asas antes em sangue
agora saradas e inundadas
Com água e o suor sofrido
E hei-de lamber-te cada gota
desse sofrimento
que tomarei como meu.
Saint Jacques
3 de Setembro de 2009
Ode ao Peixe Voador
Ode ao Peixe voador-fumador
Envelheci.
Aprendi a fumar, a parir e a chorar.
Obrigaram-me a ler sem que eu quisesse e a saber qualquer coisa que é coisa nenhuma.
Envelheci.
Quis fumar todos os tabacos do mundo só porque queria saber ao que sabiam
Quis fazer as palavras dos homens, porque queria ter nascido assim,
Mas não, fizeram-me outra coisa qualquer
Envelheci
Não sei nada e clamo pela perfeição de voar
Mas faltam-me eternas asas
Daquelas que escreve um White, de Moçambique,
Ou daquelas de um Pessoa, perdido em tabacos de tabacarias.
Deixei de fumar.
Continuei peixe e voador. Fiz-me homem.
Envelheci
Depois pari, clamei pelo Deus de todos os templos
Que sempre me chora à noite dizendo que também é pequenino
Como eu, mas não envelhece, como eu
Envelheci
Não sei nada a não ser que não consigo dizer coisa nenhuma
Misturada em 10 ou 20 o 30 pensamentos seguidos vazios e sem sentido
Tri, no sentido em que gerei, e por outros clamei
Envelheci
Amo e desamo as escamas que sempre regeneram o tabaco
De um peixe voador e fumador
É a forma mais segura de o ter, voando e fumando
Envelheci
Aprendi letras e não as sei dizer
Aprendi os números sem os saber contar
Aprendi que existem pessoas, pretas e brancas como eu
Ou só pretas e só brancas como os que sempre teimam em me rodear
Envelheci
Anje qui cloçon mum ça nê?
Pergunta ao mar que recebe e vê dele fugir o seu peixe mais adorado
Aquele que voa em tempos e a ele sempre regressa
Odes de vento e tempestade, foge que é assim a natureza
De um bicho selvagem, nascido de uma terra, xá dji caçô mancé
Peixe que fuma os cigarros das saudades
Em areias do tempo com as palavras escritas pela mão do homem
Que sem saber ama em ódio o peixe do mar, dizendo-lhe, só a ele, coisas de fantasiar.
Que mais ninguém ouve.
Só este mar. meu.
Onde sempre mergulha para nele me encontrar.
Saint Jacques, 10 de Março
Envelheci.
Aprendi a fumar, a parir e a chorar.
Obrigaram-me a ler sem que eu quisesse e a saber qualquer coisa que é coisa nenhuma.
Envelheci.
Quis fumar todos os tabacos do mundo só porque queria saber ao que sabiam
Quis fazer as palavras dos homens, porque queria ter nascido assim,
Mas não, fizeram-me outra coisa qualquer
Envelheci
Não sei nada e clamo pela perfeição de voar
Mas faltam-me eternas asas
Daquelas que escreve um White, de Moçambique,
Ou daquelas de um Pessoa, perdido em tabacos de tabacarias.
Deixei de fumar.
Continuei peixe e voador. Fiz-me homem.
Envelheci
Depois pari, clamei pelo Deus de todos os templos
Que sempre me chora à noite dizendo que também é pequenino
Como eu, mas não envelhece, como eu
Envelheci
Não sei nada a não ser que não consigo dizer coisa nenhuma
Misturada em 10 ou 20 o 30 pensamentos seguidos vazios e sem sentido
Tri, no sentido em que gerei, e por outros clamei
Envelheci
Amo e desamo as escamas que sempre regeneram o tabaco
De um peixe voador e fumador
É a forma mais segura de o ter, voando e fumando
Envelheci
Aprendi letras e não as sei dizer
Aprendi os números sem os saber contar
Aprendi que existem pessoas, pretas e brancas como eu
Ou só pretas e só brancas como os que sempre teimam em me rodear
Envelheci
Anje qui cloçon mum ça nê?
Pergunta ao mar que recebe e vê dele fugir o seu peixe mais adorado
Aquele que voa em tempos e a ele sempre regressa
Odes de vento e tempestade, foge que é assim a natureza
De um bicho selvagem, nascido de uma terra, xá dji caçô mancé
Peixe que fuma os cigarros das saudades
Em areias do tempo com as palavras escritas pela mão do homem
Que sem saber ama em ódio o peixe do mar, dizendo-lhe, só a ele, coisas de fantasiar.
Que mais ninguém ouve.
Só este mar. meu.
Onde sempre mergulha para nele me encontrar.
Saint Jacques, 10 de Março
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