Fevereiro Seco
Sempre que o vento soprar e te arrependeres das palavras
Que pensam uns, voam, pensam outros, como eu
Ficam e insistem
Sempre que o vento te trouxer as amarguras
E te vingares por inveja descabida
De ódio que pensas não sentir, mas sentes
De vingança que dizes não fazer, mas fazes
Sempre que o vento te soprar com as agruras
Da vida que quiseste para ti, sem mim, e sobre ela
Nada tenho a dizer os desdizer, tanto faz
De raiva que pensas não sentir, mas sentes
E brutalidade que pensavas não sentir
Mas não só sentes como mostras
Estarei ainda aqui. Com silencio a ver-te.
E a perguntar como seria se sentisse eu o que tantas vezes senti.
Acabei hoje na rua da vida.
Eu e mais três. E mais quatro talvez. Na rua dos mortos
Mortos somos e seremos sempre que não quisermos
Contrariar caprichos vergonhosos
Que pensamos aceitar e nas entranhas escondemos
É a vida. E como ela pode parecer um paradoxo
Diz o poeta da porta que eu não sou
Que o sangue há-de sempre correr, como o rio
De baixo para cima ou de cima para baixo
Sempre que os autores sangrarem, depende
Sempre que as vontades o sentirem
O que interessa agora esse?
Saint Jacques, Fevereiro de 2010
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