segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Asas entram no Céu e na Terra

Queria tudo e queria o nada
Queria os homens e as crianças
Queria o tempo e queria o vento

Queria um tudo e queria o nada
Aprendi a chorar, a rir, a chegar e a partir
Senti as dores, tuas e minhas, pari e fui parida
Vi homens e crianças
E quis ver crianças em homens

Queria um tudo e queria o nada
Voei para ali e para aqui
Senti mulheres como ninguém,
E crianças que bradavam aos homens e os homens às mulheres// e eu a ti e tu a mim...

Queria um tudo e queria o nada
E hoje quem sou e quem és?
Um fruto de aves e penas aquecidas em mel e fel
Um alento em chama verdejante
Que me sopra na noite gelada
E que me chama: Anda agora para aqui!!!



Queria um tudo e queria o nada
Anda, já disse!!! Anda!
Anda para junto de mim
Deixa-me soprar ao ouvido
Toca-me e ensina-me as cores do afecto
Sente-me como à vida que sabemos parida


Queria um tudo e queria o nada
Queria entrar dentro desse coração
Fazê-lo meu e dar-te o pouco que nem consigo
Ser e deixar de ser,

Corre agora, Foge. Agarra as pedras desta calçada
Atira-as ao mar. Para que ela não te fuja
Agarra-o. Faz dele teu refém

Queria um tudo e queria o nada
Entre o Céu e a Terra as asas não entram
Nem entram dentro de ti.
Choram, mas não ligues

São falsas como a serpente que jorra
Veneno no corpo de uma mulher já envenenada
Fazendo-a abortar as ciencias da vida



Queria um tudo e queria o nada
Canta agora para mim
E para aqui, deixa penas passadas nos ventos
Das pedras atiradas
Nas profundezas das águas submersas


Queria um tudo e queria o nada
Queria dizer-te que o corpo me deixou
E está pronto assim...
muito embora pudesses achar tantas, mas tantas
formas de apuro na maneira como
aqui quis chegar,
valeu a pena, é o que merece ficar

Verás um dia, quando descermos, de mãos dadas
Aos soalhos deste mundo
Que as mãos em asas não chegam

Para tocar em tamanha amplidão
Valeu a pena? É o que merece ficar.


Asas entram no Céu e na Terra, mas não entram dentro de ti


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