domingo, 16 de dezembro de 2012

Amar a Lua é amar i impossível_R


Amar a Lua é amar o impossível_

 

Amar-te, Lua minha, é o alento, mais impossível

Deitei-me em ti,  e  vi-te  Lua

Na nudez impossível de uns olhos perdidos

Caíam lágrimas secas, como se fosses eu

 

De uns olhos impossiveis de belos

Que me recebiam quase a clamar

Pelo calor que me dás, oh lua minha

Impossível ter um alento assim, impossível

 

Como os aneis que me fogem

Destes pés anões , impotentes

De te agarrar ou correr atrás

 

 

São pés de princesa da terra quente

Onde esta Lua me mira, nos mira

Nestes seus aneis espetaculares que

 

Te esperam lá um dia

E te clamam em silêncio

A nudez de uma alma perdida

 

Que é esta minha, filha de nada

Humildade de lágrimas e abraços

Perdidos

Quando o chão se desfizer, como está

 

No momento em que o pisei

Neste meu miradouro De Lua e clamei por Luz

A Lua ia forte e mesmo erguendo os braços

Gemendo em gritos silenciosos de desalento

 

Ela partiu-me. E deixou cair esta seca lágrima

Que guardo aqui, como sal, dentro de mim.

Queima. Arde. Dura. E não desaparecerá.

 

Não valia chamar o nome perdido

Fugiu-me nas entranhas de água

Como se de corpos perdidos se tratasse

 

A Lua não mira assim para outras

Almas perdidas e partidas

Amar a Lua é amar o impossível

quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Viamoralento

 

A poesia desceu à terra e espalhou-se

Derramando sangue verde, azul, encarnado

Cairam folhas, secas e verdes, como se fosse possivel

Subiram lágrimas secas em olhos ardentes

 

Faltava a terra molhada, de chão humido

Sem que a tempestade chegasse aos pés

Aos teus pés e te me desse a viamorolento

De tempo ausente e procurado

 

Desce aos soalhos da vida e tenta que te me vejas

Toca na via da terra

Na moral e no alento

Beija o solo e o chão

 

 

Derrama o sangue, verde, azul e encarnado

Derrama o que quiseres

Mas deixa a via, e segue o alento.

 

Saint jacques

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

PASSOS PERDIDOS PELO SINO


PASSOS PERDIDOS PELO SINO

 

O sino tocou e ouvi-o lá ao longe

Num tilintar suave como se de uma coração

Se tratasse. Dois amantes se perderam

Deixaram que as trevas se apoderassem

E os possuísse nos corações numa guerra incessante

De um Júpiter contra o Marte, acredite-se

 

Os dois se perderam, um ao outro

Num respeito parado

Os corpos que se mutilaram outrora

Em alento incessante

Ficou um deles ora em vígilia

 

O sonho morreu. Não quero sonhar

Talvez no dia em que torne a adormecer

Talvez para sempre, não sei

Mas adormecer

Quero acordar dentro dessa vigilia sonhada

Nos braços do meu amante.

 

E daí não sairei nunca mais, como se de uma morte

Se tratasse. Morrer a amar. Não é morrer de amor.

 

É morrer e mais nada

São os passos perdidos aqui no meu sino

Sininho que tilinta, porque o seu coração

 

Parou!

Morreu nos passos perdidos do sino parado.

 

De Santiago

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Nascer e morrer, daí. do meu ventre


Morrer e nascer dai

 

Nunca a morte ficou tão contemplativa

Como ao ver o filho morto

Morte desventrada do ventre de sua mãe

 

Nem pode viver para jazer

Morreu vivo, a quente-dor

Jaze em viva memória

 

O menino que nunca foi

Mas é de sua mãe

Parte em glórias desvanecidas

Parte em sentidas persianas

Persas e pérfidas

Oníricas e dantescas dores paridas

 

Menino que nunca foi

Mas é de sua mãe

 

A insónia mata o lema

Desvanece a vela da vida

Cruza oceanos e tempestades

Mas a insónia viva, segue

Em frente, viva, em frente

 

Valente insónia

Morteviva vivamorte insónia

O que é o amor? E o que é o amar?

Quando a insónia chega

E nada nos chega para consolar

 

O que é amar? É partir! Sim partir

O leme e largar a vela

 

Mas rumo nos meus oceanos

Viva morta

A mae do seu menino

Jaz morto, mas ela vive

 

 

DESAINT

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Escrever

Eu hei-de escrever toda a poesia
Toda aquela com que faço amor
Nas noites quentes do vento
Calo, dores e partos, gritos

Ai o que amo esta escrita que me maltrata
E me espezinha como se de homem desejado
E não tido se tratasse
Ai o comi te quero escrita minha

Que tantos prazeres orgasmados
Me fazes sentir nas entranhas da minha mente

Acorda agora e corre Já não quero escrever para ti.

Enlouqueci, para a vida e para a morte.

E parti. Vou casar-me. Esta noite secretamente.
E vou despedir-me do que amo
Aquele que tem medo
Até do ar que o rodeia
Teve mãe que o travou na vida
Não teve amor, teve talvez cuidados
Sem cuidados de escrita
Parte de mim oh arte de nada saber.

Nada escrever.
Ai como te perdi.

Maio de 2012-05-28

sábado, 31 de março de 2012

BEIJO ENTRE A MÃO E O CORPO
Eu sei que o primeiro beijo se dá aí.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
foi um corpo entregue,
que te foi entregue,
não por mim,
pela criação e Mão de Deus.
Por isso recebe e agradece.
Não, não te vou!…
Não te vou te roubar um beijo.
E mesmo que não seja por bem,
não resisto a esse sorriso de alento
com a cor dessa boca pintada
de cor natural.
Vem sorrindo e sorrindo,
misturado para mim,
com essa boca me envenenas,
com esses olhos
que me olhas e me condenas.
E eu fico perdida
e assim perco o corpo
que esvoaça para ti.
E não quero que partas
de mim.
Acabei de chegar.
E chegar dentro de ti, na alma,
que me fazes sentir de verdade, Pré-maquetagem
"JACA EM ESCAMAS"
RCP EDIÇÕES
20
porque sem quereres o meu beijo
vais não mais ter, porque é dele
que podes vir, e não voltar
a sofrer.
Canta me os teus segredos
na minha boca e não pares,
porque é isso – apenas – que te me quero
ouvir, sentes?

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Gemer a poesia da vida



Isto basta-me quando estou feliz, para ser feliz contigo.
(estou a tratar-te por tu)
em poesia que te canto tento ser ainda mais intima.

E é a forma que encontro
para te gemer os meus poemas
quando te amo o corpo a dizer-to....


Saint Jacques
Maio de 2011

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

LISBOA S.O.S.: Casa da Achada: um grande centro!

LISBOA S.O.S.: Casa da Achada: um grande centro!
Resta-me acenar a cabeça. Porventura levantar o antebraço. E a mão, para dizer adeus. Os tempos são acesos e as mudanças são para o sofrimento. Das palavras. Dos livros. Das pessoas. Das genes. De nós.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

De que serve a poesia, se te parti?

De que serve a poesia, se te parti?


Vejo toda a noite como se dia fosse
Desfloro as pétalas da vida, uma a uma
Encarno pelo ventre acima e corro
Atrás de um vento perdido
Parti-me de ti e desejei que fugisses

Agora busco pelo razão tanto faz
Parti, é o que interessa
Não vale o medo ou secretárias
Enferrujadas com teclas que já não servem
Para escreveres poesia mentida
Podes ir
Encarna pelos ventres acima de outros
Ventres empobrecidos e apodrecidos
Esvai-te agora em lágrimas de sangue
E sem sofrimento, que essa é a natureza
Em que foste criada.
Foge. De ti. Porque ninguem te deseja
Senão para te esventrar
E tu, não pouco genuinamente
Finges não entender

De que serve a poesia, se te parti?


Saint Jacques

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Esperança da Rua


Esperança na Rua

Aqui, quase junto ao Céu
Começa a Rua da Esperança
onde tudo começa e tudo acaba

Vê-se o rio e as ramadas de árvores
Já desamadas pela Primavera
Onde ficam ninhos sedentos de pássaros
Que deixaram de amar
As suas amadas e partiram

Ficaram os ninhos vazios e as suas amadas
Em lágrimas que enchem os rios

Ninhos vazios e lá em baixo
Ficam as moscas e vespas da Rua da Esperança
Onde passam espécie de pessoas
Que vistas de cima parecem bolas

Ou nada, tudo começa e acaba
Como o rio que banha a rua da esperança
Ao largo da rua, aqui junto ao céu

Onde tudo começa e acaba
Aqui, na Rua da Esperança
Junto ao Céu, vejo o rio
E aqui, é só meu. Mesmo com ninhos vazios
E aves partidas e em penas

Aqui a rua é minha e a esperança
É a que chega do céu.

Sain Jacques
11_01_2012