terça-feira, 15 de março de 2011

Meu fruto proibido,

Meu fruto proibido,

se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...

Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida

for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada

voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento

porque me não deixo segurar

caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder

Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz

doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente

agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita

mas é a que te posso dar.



Beijo entre a Mão e o Corpo

Eu sei que o primeiro beijo se dá ai.
E foi há muito tempo, nos nossos olhos.
E isso, apesar de despida,
Foi um corpo entregue, que te foi entregue
Não por mim.

Pela criação e Mão de Deus.
Por isso, recebe e agradece.
Não, não te vou…

Não te Vou te roubar um beijo
E mesmo que não seja por bem
Não resisto a esse sorriso de alento
Com a cor dessa boca pintada
De cor natural


Vem sorrindo e sorrindo, misturado para mim
Com essa boca me envenenas
Com esses olhos que me olhas e me condenas
E eu fico perdida e assim

Perco o corpo que esvoaça para ti
E não quero que partas
De mim

Acabei de chegar
E chegar dentro de ti, na alma,
Que me fazes sentir de verdade

Porque sem quereres o meu beijo
Vais não mais ter, porque é dele
Que podes vir, e não voltar

A sofrer

Canta me os teus segredos,
Na minha boca e não pares
Porque é isso – apenas – que te me quero
Ouvir, sentes?

Saint Jacques, 28 de Janeiro de 2008
Poesia de Graças à vida

Acordei hoje a beijar o ar
Com vontade de embalar,
Abraçar e voltar a voar

Une-me ao tempo, o alento
Que não é mais que uma pedra
Que atiramos ao fundo do lago
Por querermos não perder

Paradoxo, não querer perder
O que se não tem
É o mesmo que ter
O mal que a vida não tem
Caçar laivos infelizes
Na felicidade que me vai aparecendo

Beijo o tempo, teu e meu,
Na graça de dar poesia à vida
Darei ao tempo, e a ti
Tudo que puder

Volta sempre para mim,
Sempre e apenas amanhã
Hoje já morreu, o sonho
E eu.

Porque estava vazio o espaço
Em que te sonhei
E onde te querendo ter
Te desejo perder

Darei poesia, ao tempo
Darei poesia, ao vento
Darei poesia, à água
Darei poesia, à terra
Darei poesia, ao fogo…

Aqui me ardo e entrego
Em negrume de corpo
E chamas monstruosas no coração.

Volta para mim. Devolve-me a poesia
Que me roubaste
Eu quero dar, hoje, graças à vida.

Saint Jacques

Não sou de terra de maçãs

Não sou de terra de maçãs
mas de terra de Jacas, mangas, fruta-pão.

A primeira, é a minha fruta favorita. Rara. Nasce de árvores tão gigantemente altas, que seria uma aventura um homem não africano lá chegar.

Eu sou uma jaca. Que nasce de uma gigante copa. Mãos humanas dificilmente lá chegam.

quando arrancada com tenacidade a casca grossa e aspera que esta por fora, descobre-se um fruto em gomos, amarelos suaves, em forma de saquinho lacrimal.

com cheiro a rosas. quando começa a mastigar, não lhe apetece parar.

é uma fruta metafísica.

é uma fruta difícil.

é uma fruta que se ama.

é uma fruta que não se esquece.

e se deseja sempre, por tão dificil que é conseguir ter.

Um beijo (com cheiro de Jaca).


Meu fruto proibido

se for for verdade
se for sentido
se for mentira
se for desejo
se for, se for, se for...

Se tudo o que me dizes
em poesia cantada
em poesia e fruta amada
em poesia e fruta proibida

for da história real
deixa-me então
seguir o sonho de nada

voar com o arco-iris da minha voz
voar com as tuas asas
que me agarram como vento

porque me não deixo segurar

caio, levanto-me, caio,
levantas-me, apenas
para que consigas morder

Não não mordas
que te enveneno com doce
amargura de olhos de luz

doçura de mãos ásperas
desejo de fuga presente

agarra-me com essas asas
e verás que qualquer amplidão
é pouco e muita

mas é a que te posso dar.



Alma sem voz

Pare-me então, se o cansar
Pare-me, dê-me a mão
Faça-me calar o silêncio gritante
De uma voz calada

De uma goela que clama
Desesperadamente
Para que lhe encham a alma

Clama, clama e agarra-me
Com verdade a mão
Que deixou de ser minha,
Agarra-a e por momento

Impar, olha para a cinza
De um Céu que quis
Para nós azul

Tenta deitar-lhe a voz
E dá-lhe algum sal da minh’alma
Segura-o logo
A seguir, se for de coragem
A alma que já deixou de ser
Tua.


Saint Jacques
Janeiro de 2008

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